Oito horas da manhã, lá ia eu caminhando por entre as alamedas repletas de palmeiras, onde os pássaros matutinos sacudiam suas penas numa harmonia de acasalamento, quais passos de balé nos palcos da vida. Em dado momento, conversava mentalmente deixando-me aquecer o rosto já cansado de tantas lidas.
Deixei-me exposto por alguns minutos para que meus olhos contemplassem
aquela cena com inusitado amor…O sol…O infinito…
Enquanto caminhava percebia que a minha sombra me acompanhava.
Eu parava, ela parava. Então resolvi perguntar: Por que você não se adianta?
Ela me respondeu: Sou eu que lhe acompanho em todas as suas andanças.
Parei de frente para ela e percebi que ficara menor, então decidi
interpelar mais uma vez: Por que agora você se apequenou?
Porque, enquanto você caminha, te sigo aconchegada com a tua proteção, e tornar-me pequena é a submissão a ti, é tal qual o encontro da criatura diante do Criador. Por isso eu me disponho a segui-lo e aconselhá-lo
para que ande de cabeça erguida, desfrutando da liberdade de pensamentos,
olhando sempre para o alto.
Quando sentimos os raios solares banhando-nos o rosto decididamente
estabelecemos a importante missão de seguir em frente com o olhar de confiança espargindo nossas ações na busca dos nossos objetivos.
Nossa sombra é como ela mesma diz: somente nos acompanha.
Quem toma decisões somos nós. Todavia, a sombra relata nossos passos vacilantes, como a gravar em frações de milésimos de segundos, as indecisões da alma refletidas no corpo de carne, que, frágil e tentável, vezes outras compromete os seus planos com as variações de comportamentos ou forma de andar…
Quem deseja seguir em frente, “toma do arado, segue adiante
e não olha para trás”. Nossas sombras representam tudo aquilo que deixamos
para a posteridade e que deverão ser lembrados como as boas obras,
os valores morais, os quadros mentais debuxados com fidelidade ao que fazemos, sentimos e executamos.
Ao comparar o que segue em frente e o outro que me segue,
descubro que vivemos acompanhados com as nossas sombras ou com os nossos pensamentos.
Deus não nos criou para olharmos para o que vem atrás de nós,
e sim para descobrirmos o que desejamos, para seguir adiante com a plena
confiança de andar em linha reta sempre em frente num processo de evolução contínua.
Na escala evolutiva da vida não basta ter, é preciso ser.
O ser confiante que aprecia a natureza transformando-se quais espécies que,
no descortinar da primavera, aguardam a exuberância das flores
e plumagens para uma nova jornada de luz.
Assim, deixemos que a nossa sombra nos acompanhe para que fique gravado, por onde quer que passemos, as boas obras e ações, como lembranças de que vale a pena saber para onde desejamos ir…
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