
O vaga-lume fazia voltas e voltas em torno de si mesmo, no encanto de seu próprio brilho.
E voava e voava e brilhava e brilhava e pensava e pensava:– Haverá, em toda a mata, outro como eu?– Pobres irmãos inferiores, eu vim para protegê-los das trevas. Vocês, grilos de asas cinzentas e sem brilho, formigas que trabalham e suam sem um instante de luz e fulgor, mariposas que por serem sem brilho, míseras lagartas imitadores de acordeões sem som.E voou mais alto e se comparou às estrelas:Sou uma de vocês, irmãs! Pisco no céu, como vocês! Faço parte da constelação da selva.Foi descendo de novo quando, súbito sentiu uma puxada de ar que o envolvia, algo pegajoso que o segurava e logo estava fechado numa atmosfera nojenta e escorregadia. Sua luz iluminou um pouco a escuridão intensa e ele viu, em volta, centenas de insetos, apertados uns contra os outros, num cubículo úmido e sujo.Uma lesma sonolenta, levantou a cabeça e gritou com voz rouca e irritada:Se não fosse você, com essa mania de iluminação noturna, o sapo-boi jamais teria nos engolido no escuro.O mais importante não é mostrar para os outros as suas qualidades, e sim, saber utilizá-las em benefício de um bem comum.