Estou chegando à Casa Espírita, para mais um trabalho aos irmãos necessitados. A casa se encontra repleta, e olhando aqueles olhos tão perplexos, podemos ler em cada olhar uma vontade de conseguirem alcançar o que vieram buscar, ou seja, a cura para o seu corpo físico.
De repente aproxima-se de nós uma irmã conhecida e diz da necessidade de ajudar seu pai que se encontra muito mal, e precisa de muita ajuda.Esboça uma emoção muito grande, soluça, começa a chorar; prontamente, solicitamos que se acalme, confie em Jesus e deixe nas mãos de Deus, que Ele sabe o que é melhor para nós.
Por fim falamos com os irmãos espirituais, que nos recomenda que devemos no outro dia ir ao hospital em que ele se encontra internado, para fazermos uma assistência mais intensiva. Acompanhados de nossa irmã, chegamos ao hospital e logo fomos preparados para entrar na UTI (Unidade Terapia Intensiva).
Como não era possível a entrada de duas pessoas ao mesmo tempo, nossa irmã nos indicou qual era o irmão, e em seguida saiu de dentro da UTI e permaneceu lá fora nos aguardando.
Estamos diante de nosso irmão, e ele muito abatido com os aparelhos de ar no nariz, soro nos braços e toda aquela parafernália de fios em sua cabeça nos percebe e reage indiferente com nossa presença.
Como não podia falar, ficou atento aos nossos movimentos nos primeiros instantes, mas logo dispersou seus pensamentos inclusive descrentes que aquela energização que estávamos transmitindo pelo passe, de nada adiantaria ou poderia diminuir seus sofrimentos.
Começou a pensar em outras coisas e pelo pensamento imaginou que seria melhor um cigarro do que o passe que estava recebendo. Ao depararmos com tal situação ficamos muito tristes, mas continuamos a pedir que Deus intercedesse em seu favor, não só para aliviar seus sofrimentos como também a colaborar para que pudesse modificar seus pensamentos.
Após alguns instantes, nos reerguemos e nos despedimos do nosso irmão, que nem sequer teve a menor vontade que voltássemos novamente. Começamos a andar pelo corredor que tinha leitos de um lado e do outro, e após alguns passos olhamos para um lado onde um braço levantado despertou nossa atenção.
Um senhor de idade muito avançada com os aparelhos em idêntica situação ao irmão anterior, nos emocionou acenando com a mão pedindo por meio de gestos que aplicássemos um passe.
Ao chegarmos mais perto uma emoção muito grande toma conta de nós, pois tinha uma vibração muito intensa e seus olhos marejados de lágrimas nos indicava que precisava de ajuda e que sua fé era muito grande. Rapidamente recebo orientação dos irmãos espirituais para iniciarmos a concentração a fim de ajudarmos ao irmão necessitado. Imediatamente quando começamos a fazer o passe, conta Aristeu, que nosso irmão pelo pensamento, começa a falar com Deus, pedindo sua ajuda, evocando todos espíritos que pudessem vir em sua ajuda através de nós, para que possam ajudar a curá-lo da enfermidade que o molesta tanto.
Em certo momento, pelo pensamento fala com Deus que se for por merecimento que ele possa ser ajudado, mas se de repente, este sofrimento deve prosseguir, que ele tenha muita resignação para superar esta prova. A equipe médica espiritual também se emociona pela sua fé, sua força de vontade e principalmente pela sua compreensão no que diz respeito à vontade do Pai, que sabe mais do que ninguém o que é melhor para cada um de nós.
Voltamos a si e ainda conseguimos rever os momentos finais da emoção do nosso irmão que está impregnado de muito amor em seu coração, e as lágrimas que correm por aquele rosto enrugado pela passagem dos anos na Terra, e pelos sofrimentos e amarguras que contraiu nesta encarnação. Vendo uma situação tão emocionante tanto quanto aquela, nos dirigimos ao pé de seu ouvido e falamos baixinho:
– Tenha muita fé, confie em Jesus, tenha muita coragem; muita força; que sem dúvida o Pai estará olhando pelo senhor e logo o senhor estará melhor.
Sua mão toca a minha, aperta e com o olhar em prantos, agradece a ajuda. Damos até logo e saímos da UTI. Ao chegarmos a uma sala de espera, reencontramos nossa irmã filha, do primeiro irmão, que assistimos e que nos pergunta toda afobada:
– Por que demorou? Houve algum problema? Achei que seria rápido. Teve algum contratempo?
Fico totalmente paralisado e não sei o que responder, como explicar que fui atender seu pai que não queria ajuda, e que posteriormente fui chamado por um irmão necessitado, que tinha muita fé, queria ser curado e principalmente tinha dentro de seu coração um objetivo muito grande de confiança no Pai. Lamentavelmente não tive força nem coragem de relatar os fatos e simplesmente disse-lhe que seu pai foi assistido, como realmente foi, que seu quadro era merecedor de preocupação, e que ela deveria entregar nas mãos de Deus; que não deveria se desesperar, e que deveria fazer muitas preces e vibrações em favor do mesmo. Descemos do elevador e na saída do Hospital combinamos de nos encontrar ali daqui a três dias.
Vou embora e começo a pensar naquelas duas cenas, tão antagônicas.
Após três dias estabelecidos, nos encontramos no Hospital em data e hora combinadas.
Novamente chegamos a UTI e nos dirigimos ao leito onde seu pai está, agora em estado pior do que quando da primeira visita. Novamente aplicamos o passe, embora desta vez ele já não perceba nossa presença. Seu quadro é péssimo e chegamos a pensar que talvez ele possa desencarnar em breve. Após terminar nossas orações no seu leito, começo a sair, quando lembro daquele irmão fervoroso que havíamos atendido. Verificamos a posição dos leitos e constatamos que, em seu lugar agora estava uma senhora, o que nos deixou muito preocupados e curiosos quanto ao destino daquele senhor.
Vamos até a enfermaria da UTI e perguntamos a uma das enfermeiras, onde estava aquele senhor. A enfermeira começa a relatar, e uma emoção muito grande toma conta de nós:
– O nosso irmão, diz a enfermeira, teve uma recuperação muito rápida, que até deixou todos com uma incógnita muito grande, sobre o que aconteceu, pois teve melhoras muito grandes e rápidas. Tanto que já deixou a UTI e foi transferido para um quarto.
– Gostaria de fazer uma visita a ele, e se fosse possível, necessitaríamos que nos indicasse o número do seu quarto.
Após a informação da enfermeira, nos dirigimos ao quarto onde nosso irmão estava. Batemos na porta do quarto, e em seguida uma senhorita vem nos atender e pergunta o que desejamos.
– Respondo: O paciente deste quarto que estava na UTI está melhor?
– Sim – diz ela, ele veio hoje para o quarto.
– Podíamos vê-lo?
– Sim, pois não – pode entrar.
Ao passar a porta vemos aquele irmão, que ao virar a cabeça em nossa direção, se emociona muito. Diz para a senhora que está a seu lado, que fico sabendo depois se tratar de sua esposa e a senhorita que nos atendeu, que é sua filha.
– Lembra-se da pessoa que lhe falhei a tarde, que pensei fosse um anjo de Deus, ou alguém que tivesse morrido e veio me visitar, aí está ele.
– Não senhor; não sou anjo, não morri, e sou um ser cheio de defeitos e imperfeições que em virtude de muitas dívidas que possuo, sempre que posso, procuro ajudar aqueles que estão em situação pior do que a minha.
Como vi seu pedido de ajuda e sua fé tão grande, apenas aplicamos um passe no senhor para ajudá-lo a se melhorar.
Fico muito feliz pela sua recuperação, e tenho certeza que sua fé o ajudou a curar-se tanto pela vontade do Pai como também pelo merecimento que o senhor possui:
Ele me abraça, e seus familiares também, e o clima naquele ambiente fica num nível vibratório, muito grande. Após algumas conversas rápidas, manifestamos nosso desejo de se retirar, mas perguntamos se ele deixaria fazer uma prece em seu favor antes da despedida.
Após momento sublime do passe e um “Pai Nosso”, com muito louvor, sentimos uma vibração muito grande. Nos despedimos, e saímos dali muito gratificados pelos resultados obtidos.
Após alguns dias, temos a informação da nossa irmã que solicitou nossa ajuda para colaborar com a enfermidade, de que seu pai, desencarnou.
Ficamos muito tristes e em seguida analisamos as duas situações tão conflitantes: ver que um não estava nem aí e outro desejoso de sobreviver, com muita fé e resignação para tudo que pudesse acontecer.
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