Eu nasci a 27/11/55 na Cidade de Vermelho Velho, em Minas Gerais, na zona da mata mineira, que na época não era Cidade, mas um lugar chamado Córrego do Hipólitos, sobrenome do meu avô paterno. Éramos muito pobres, enquanto meu avo foi vivo não passávamos fome, porque ele nos sustentava. Por que meu pai não se importava com os filhos. Ele era muito mulherengo, enquanto nós passávamos fome, ele comia nas casas das amantes. Minha mãe teve dez filhos, dois desencarnaram ainda pequeninos. Ficaram oito, sendo que seis nasceram na roça e dois aqui em São Paulo. Minha mãe sofreu muito, vendo a gente passando fome e ela não podia fazer nada. Ela e meus irmãos mais velhos trabalhavam de sol a sol. Preparava a terra e plantavam, mas vinha à seca e matava tudo que estava na roça. Para nós era festa quando meu avô apontava lá encima do morro, pois agente sabia que ele trazia comida, feijão, fubá e mais coisas que eu não me lembro por que ainda era muito pequena. Eu era muito apegada a minha mãe, por que eu era muito doente, eu mamei quase quatro anos. Minha mãe se cansou de tanto sofrer, e em 1964 resolveu vir embora para São Paulo, trazendo meu irmão mais velho e o outro com três anos, e minha irmã caçula com apenas seis meses de vida. Meu pai dizia a minha mãe, que aquela menina não era sua filha, sendo que todos os parentes diziam que ela era a cara da mãe dele, já falecida. Ficamos eu e minhas irmãs com meu pai. Mas quem cuidava de nós era minha outra irmã mais velha. Ela tinha doze anos, e eu nove, e outra irmã de cinco. Eu chorava muito por causa da minha mãe, e minha irmã me batia para eu parar de chorar. Quando completou um ano, que minha mãe tinha vindo embora, ela mandou meu tio buscar a gente.
Mas era para vir só nós três, mas meu pai veio junto, para fazer minha mãe sofrer, e teve mais dois filhos. Mas aqui continuou do mesmo jeito que era lá.
Aqui começamos uma nova vida com muita dificuldade, mas nunca passamos fome. Moramos em uma favela, por três anos em um barraco que minha mãe comprou para mandar buscar-nos. Não tínhamos roupas nem calçados, pois oito filhos para cuidar não era fácil, mas éramos felizes, por estar junto da minha mãe. Comecei a estudar, com 10 anos, só fiz até a quarta série primária. Minha mãe era analfabeta, mas ela deu estudo a todos nós, pois ela não queria nenhum dos filhos analfabetos. O sonho dela era poder assinar o seu nome, e eu ensinei a ela assinar seu nome. Com muita dificuldade compramos um terreno na região de Interlagos onde moramos eu e mais três irmãos. Foi muito difícil pagar as prestações. Eu comecei a trabalhar com 14 anos, e minha irmã com 11 em casa de família, e minha mãe também trabalhava. Meu pai ficou doentes três anos, pois ele tinha sido mordido pelo bicho barbeiro e tinha síndrome do pânico. Não ia ao medico, não fazia tratamento, e faleceu aos 52 anos.
Não deixou nem pensão para minha mãe, que ficou com quatro filhos pequenos para cuidar. Na verdade minha mãe foi uma heroína, criou oito filhos praticamente sozinha. Cuidamos do meu pai ate o fim, não deixando faltar nada para ele. Eu trabalhava em uma firma e a mistura do meu almoço comia a metade e trazia a outra para ele. Minha mãe cozinhava arroz com feijão na panela de pressão, para render mais e dava um prato para cada um de nos. Ela trazia pão da casa da patroa para nos, tínhamos pouco, mas não passávamos fome. Depois de um ano da morte de meu pai, ela arrumou um emprego em um laboratorio na Cidade Dutra, e trabalhava das 7 da manha às 22 horas da noite. Ela sofreu muito com a morte do meu pai, porque apesar de tudo, ela o amava. Ficou trabalhando neste laboratório por 10 anos. A química entupiu as veias do coração e ela ficou com insuficiência cardíaca e teve dois enfartes. Sofreu com essa doença por 10 anos até que foi feita uma cirurgia cardíaca, para trocar três pontes de safena. Ela tinha 80% das veias entupidas. Mas ela não suportou a cirurgia, e depois de 1 hora que ela estava na UTI teve dois enfartos do miocárdio e veio a falecer.
Conheci meu marido quando eu tinha 17 anos, e me apaixonei por ele, pois era um rapaz bonito, moreno dos olhos verdes, e mal eu sabia que a minha vida se tornaria um inferno. Namorávamos há seis meses quando ele me estuprou, e a minha sorte é que eu tinha dificuldade de engravidar, e ele não deixava usar anticoncepcional. Eu me tornei uma pessoa totalmente submissa a ele, por que ele já bebia nessa época e era muito violento. Eu não podia falar nada nem para minha mãe e muito menos para meu pai.
Porque moça que não era virgem não arrumava casamento e ficava difamada. Eu apesar de tudo o amava muito e ainda o amo, engravidei com 19 anos, com 20 tive meu primeiro filho, Meu filho nasceu em agosto de 1976. Fui para o hospital no dia 25, esperei pelo meu marido para que ele fosse comigo, mas ele estava com a amante. Chegando a casa tarde da noite, ele dizia e diz que me ama, mas eu não acredito, porque quem ama não faz a pessoa amada sofrer. Ele não me ama, pois isso é obsessão. Tem ciúmes até da sombra dele. Em 1979 tive meu segundo filho e em 1981 a minha filha.
Como eu tive três gravidezes difíceis, decide fazer laqueadura e ele não queria assinar os papéis, mas a minha sogra obrigou ele a assinar. Fiquei grávida do meu filho e não queria me casar eu trabalharia e criaria o meu filho sozinha. Meu pai já era falecido, mas minha mãe e os pais dele nos obrigaram a casar. Quando eu estava com oito meses de gestação, fiquei sabendo que ele tinha uma amante na firma em que trabalhava, briguei com ele e ele me bateu mesmo estando grávida. Ele negou tudo, mas eu sabia que era verdade, porque a pessoa que me contou trabalhava ma mesma firma. E eu disse a ele que iria pegar ele com a amante. Esperei meu filho nascer me recuperei do parto e fui atrás dele com a amante, e peguei. Ali acabou todo o meu sonho de amor, bati nele e nela e vim para casa, ajuntei todas as roupas dele e coloquei na rua, pois não queria que ele entrasse nem no portão.
Minha mãe tinha uma arma de fogo velha que era do meu pai, ela pegou e atirou no braço dele e o sangue jorrava do ferimento eu quando vi pensei que fosse à cabeça, por que ele estava com o braço sangrando, na altura do ouvido. Por mim eu o teria deixado morrer, tanto era o ódio que eu estava sentindo naquela hora. Os vizinhos que o socorreu ao hospital disseram que por pouco ele não perdeu o braço. Eu não queria mais ele comigo. Ele foi para a casa dos seus pais, mas ficou rodeando minha casa. Uma semana depois meus sogros que eram com o se fosse meus pais para mim, disseram-me que quando se quebra uma perna tem que conserta-la e não quebrar a outra, porque meu filho tinha apenas dois meses de vida e precisava do pai. Fui morar nos fundos da casa dos meus sogros. Foi muito bom porque cada vez que ele me batia, apanhava o dobro da minha sogra, que me tratava como a uma filha. Meu segundo filho nasceu em Caraguatatuba a 28 de junho de 1979. Morei lá por três anos e sofria muito, vendo meus filhos passarem necessidades de tudo, pois eu não tinha como trabalhar, porque não tinha quem cuida-se deles. Quando nasceu minha filha, antes dela nascer eu vim embora para São Paulo. Decidi não ter mais filhos, pois faltava pouco pra morrer, visto que passava cinco meses de grandes injeções, e de vitaminas na veia.
Graças a Deus meu útero em reverso e eu não engravidava com facilidade, mesmo assim fiz laqueadura. A única felicidade que eu tive em 38 anos de convivência com meu marido foi meus filhos queridos. Que dediquei a minha vida e eles cuidei, amamentei, amei e amo com toda a dedicação de mãe. Lavei e passei muitas roupas, para que não faltasse nada a eles.
Meu marido nunca foi um pai presente, embora não deixa-se faltar o essencial, tratava a família como se fosse porcos, e se os coxas vem cheios de comida estava ótimo. As folgas eram para ficar no bar com os amigos. Meus filhos cresceram vendo ele bater em mim, como o tempo enfrentava o pai para me proteger. Meu marido quebrou o braço do meu filho mais velho com uma cadeira, meus filhos me adoravam eram muito apegados a mim.
Meu filho mais velho era muito estudioso foi da primeira serie ao terceiro colegial, sem repetir um ano sequer. Fui evangélica 30 anos. E foi a igreja que me ajudou a não ficar louca.
Foi Deus que me ajudou porque meu marido trabalhava só à noite e assim, podia ir à igreja com meus filhos e eles foram criados dentro da igreja.
Meu filho começou a fumar maconha aos 17 anos, porque deixou de ir à igreja comigo e ia ao salão de baile e foi lá que ele começou nas drogas. Quando eu descobri ele já estava viciado não só na maconha, mas em outras drogas. Fiz de tudo para tirá-lo do vicio, mas não consegui e fiquei muito revoltada, quando no dia 16 de dezembro de 1994, mataram meu filho na rua abaixo da minha casa.
Judiaram muito do meu filho com 3 tiros no peito, nos braços depois de sofrer por mais de 3 horas deram o tiro de misericórdia na garganta dele, ele, mesmo baleado no peito ele pedia para eles não o matarem porque eu ia sofrer muito, pois meu filho trabalhava para sustentar o vício, mas mataram ele porque ele sabia demais. Os policiais assassínios levam os viciados até o ponto de drogas e quando estão comprando a droga eles chegam e dão o flagrante no traficante, para tirar o dinheiro dele. Meu filho era o primeiro da lista de nove jovens. Mas só o meu filho que morreu, pois os outros conseguiram sair das drogas e um deles chegou a ser baleado, mas se fingiu de morto. Nos hospital Grajaú contou todo o esquema dos policiais assassinos.
Quando saiu a reportagem no jornal eu quase morri porque eram eles que estavam guardando o corpo do meu filho. Eles balearam o meu filho a meia noite mais ou menos e ficaram com ele até as 2 horas para ele morrer. Quando vieram me avisar já era 02h30min horas, meu Deus quanta dor, arrancaram um pedaço de mim. Eu sem querer apressei a morte do meu filho porque ele me pediu ajuda, não queria ficar internado. Ele estava fazendo tratamento com o coronel Ferrarini.
Os assassinos ficaram com medo de ele falar o que ele sabia.
Meu filho tinha só 20 anos, eu fiquei muito mal tive depressão profunda, quase fiquei louca. Tinha vontade de sair correndo até cair de cansaço, e meu marido me acusava e ele bêbado falava para mim. E ai crentinha safada onde está o seu Deus que permitiu que o seu filho morresse. Além da minha dor ainda tinha que ouvir tudo. Meu filho do meio era um espírito muito difícil, não estudou direito, e saiu da escola na quinta serie, saia quase todas as noites fumava maconha e bebia. Eu agradeço muito a Deus não permitir que eles roubassem ou matar alguém. Meu segundo filho morreu aos 23 anos com um único tiro nas costas. Eu não me conformava por ter perdido meus dois filhos queridos. Sentia-me culpada por não conseguir tira-los dos vícios. No desencarne dos dois eu estava sozinha para fazer tudo que tinha de ser feito.
Fui maltratada pelo delegado até parecia que era eu a assassina, e com a morte do meu segundo filho fui para o fundo do poço.
Não me alimentava, não sai de casa, e não saia da cama, e minha irmã mais velha que é espírita a mais de 20 anos me deu um livro do Luiz Sergio, onde eu comecei a entender o que tinha acontecido comigo. Deixei a igreja e fui para a Comunidade Espírita Caminheiros do Amor (CECA).
Aonde fui recebida de braços abertos. Estou lá até hoje, e é meu porto seguro. Passaram se os anos em fevereiro de 2009, tive o primeiro surto psicótico, onde eu fico violenta, mas o meu alvo é o meu marido. Inconsciente eu quero fazer sofrer por tudo que ele fez para mim. Fui amarrada pelos pés e pelas mãos, dentro da ambulância para o pronto socorro psiquiátrico, e não foi descoberta nenhuma doença. Em dezembro do mesmo ano tive o surto pior do que o primeiro.
Fiquei muito violenta, e novamente quase matei o meu marido com um vaso pesadíssimo, e outra vez, fui amarrada e levada ao outro hospital. Fiquei três dias dormindo tomando calmante fortíssimo.
Fiquei muito mal durante seis meses pensei que ia desencarnar, mas Deus nosso pai Jesus nosso irmãos maior e a espiritualidade que trabalham no Caminheiros do Amor conseguiram me levantar.
Fui muito bem tratada pelo meu esposo e minha irmã que eu amo muito.
Hoje eu estou muito bem, voltei a trabalhar, e ajudo aos sábados nos Caminheiros do Amor.
Estou muito feliz graça a Deus, e não fico mais nervosa com a bebedeira do meu esposo, e por mim ele pode beber o tanto que quiser. A única coisa que eu não aceito mais é ele me bater, pode me xingar, o quanto ele quiser e não me batendo está tudo bem.
Alguém pode se perguntar por que eu não me separei do meu esposo. Porque a vezes que eu o mandei ir embora e ele tentava se matar. E eu sempre tive muito medo que ele se matasse.
Eu nunca o traí nem em pensamentos. Ele é uma pessoa muito boa sem a bebida. Hoje eu entendo porque passei por tudo isso na minha vida. Lembrei de vidas passadas. Os médicos da terra fizeram um diagnóstico do meu caso.
Esquizofrenia paranoide e eu sou bipolar.
Mediunidade aflorada.
Eu agradeço a Deus, Jesus e os Amigos que fiz na Comunidade Espírita Caminheiros do Amor, e os amigos espirituais.
Agradeço a todos com muito amor e carinho.
Obrigada a todos, e que Deus nos abençoe.
Um grão de areia tentando se melhorar.
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