Conquanto muitas vezes temos uma fé muito maior do que imaginamos, algumas ocasiões nos deparamos com situações tão intrigantes que não temos como justificar nossa fé tão pequena. O fato real que vocês irão conhecer agora dará a todos o reconhecimento insofismável de que a morte não acaba e que a vida continua.
Estamos na Casa Espírita ajudando na orientação espiritual quando uma amiga espírita nos pede uma ajuda para sua mãe que está muito doente. Imediatamente, fizemos um contato com os irmãos espirituais presentes à reunião, e em seguida é feito um desdobramento para ir até o lar onde uma senhora sexagenária, encontra-se com bastante dificuldade de respiração, e o corpo totalmente debilitado, pois tinha passado uns trinta dias no Hospital da Terra, somente ingerindo soro, pois além dos pulmões tinha uma inflamação no estômago.
Ao retornar do desdobramento, os irmãos espirituais da equipe médica dizem que o caso é muito delicado, que requer muita prece de nossa irmã e que jamais o desânimo possa tomar conta dela. Nos próximos dias que se sucedem, temos visitado a nossa irmã necessitada em seu lar, para aplicar-lhe passes.
A preocupação de nossa irmã com sua mãe nos comove muito e nosso esforço em querer ajudar parece mexer com nosso emocional, pois vemos a dedicação com que nossa irmãzinha se esforça afim de que sua mãe se recupere.
Os dias vãos se passando e nada de sua mãe se recuperar e isto nos deixa preocupados e aborrecidos, pois sentimos que nossa ajuda é infrutífera. Uma tristeza muito grande começa a tomar conta de nós e não vendo uma luz no final do túnel, envolve-nos uma melancolia muito grande. Não sabemos o que fazer ou falar visto que este caso nos causa um dissabor tão grande, pois em nosso íntimo sentimos que seja possível sua recuperação, mas que infelizmente não se torna realidade.
Infelizmente, recebemos a notícia que jamais poderíamos imaginar ou querer – que nossa irmã acabara de desencarnar. Ficamos muito tristes, sentimo-nos inúteis e que somos muito frágeis. Fomos ao velório e nos sentimos vazios, sem saber o que falar ou fazer. E sempre nos perguntando:
– Por que será, meu Deus, que nós não conseguimos ajudá-la? Será que nossa colaboração foi errada? O que deveríamos ter feito, mas que não fizemos? O que deveríamos ter feito, mas não demos a atenção que o caso requeria? Assistimos ao enterro e voltamos encucados com aquela situação.
Na noite seguinte voltamos normalmente ao nosso trabalho espiritual, porém não estávamos com aquele pique que sempre nos norteou. Com certeza este caso mexeu muito com nossa cabeça, e sempre que estávamos assistindo qualquer semelhante necessitado, sempre a lembrança da nossa irmã que desencarnou nos envolvia e nos deixava muito triste. Demorou muito tempo, até que pudéssemos esquecer aquele fato, e mais do que nunca ficou comprovado, que o tempo é o melhor remédio para fazermos esquecer o que houve, e que a vida continua.
Já se passaram mais de dois anos do acontecido, quando numa noite fria, inúmeros irmãos estão sendo assistidos naquela noite e aproxima-se de nós um nosso querido irmão de equipe médica espiritual e pergunta:
– Vamos fazer uma visita?
– Você é quem sabe!
– Temos uma novidade para você, diz o irmão espiritual.
– Obrigado, respondo, sem jamais imaginar do que se trata. Diz então o irmão:
– Pense em Jesus agora.
Sinto um sono profundo e quando recobro estou num asilo muito lindo, cheio de espíritos desencarnados que deixaram o corpo físico e estão em fase de recuperação. Adentramos aos quartos e vemos aquelas criaturinhas com muita esperança de se recuperar para poderem se reencarnar novamente. De repente uma senhora nos chama a atenção, pois parece tratar-se de alguém que já vimos em algum lugar em algum momento.
Claro, diante de nós estava aquela nossa irmã que tanto fizemos e não gostaríamos que ela viesse a desencarnar. O nosso irmão espiritual segura a nossa mão e a mão de nossa irmã e começa a falar:
– Caro irmão é ela mesma, está em plena recuperação, e se assim está, é porque foi feito um trabalho de ajuda muito grande por vocês lá na Terra.
– Não há um trabalho em vão, e todo aquele que se doa em favor dos semelhantes, sem orgulho e vaidade, deve ter certeza e fé que nada é inútil.
– Deve-se fazer tudo, diz o irmão espiritual, e nunca jamais imaginar que iremos interferir nos desígnios da providência divina.
Continuando, diz o irmão:
– Nunca espere que tudo vai acontecer conforme nossa vontade, pois acima de nós está à vontade do Pai.
Suas palavras nos comovem muito, e relembramos de nossa desilusão no caso. Não temos palavras para falar nada, só lamentar e pedir desculpas a Deus por não ter compreendido nossa inferioridade e saber que não cai uma folha sem a aquiescência do Pai. Ficamos muito emocionados. E nosso irmão continua:
– Temos a informa-lhe que tudo que foi feito não foi em vão. Se não fosse feito o trabalho lá na Terra, ela não estaria nesta situação que está agora. Reforça o irmão dando-nos a entender que jamais devemos ficar frustrados ou revoltados, quando as coisas não forem como pretendíamos que fossem.
Após aquela cena, ele pede que nos despeçamos da nossa irmã, pois estava na hora de retornarmos. Ao chegarmos ficamos muito emocionados e contentes e a partir daquele dia tivemos uma conduta muito diferente, pois continuamos o trabalho incessante, sem jamais nos envolver ou pretender que as coisas aconteçam como desejamos. Mais do que nunca sabemos que à vontade do Pai é que vai prevalecer.
Sabemos que devemos fazer tudo, e que nada será em vão, visto que mesmo que não possamos ver o resultado aqui na Terra, ele acontecerá no plano espiritual que é nossa verdadeira vida.
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