Ainda que o céu esteja azul, e o sol deixe no infinito, seus encantos
dourados, bordados a pincel, ainda, que o arco-íres renove a esperança
após o temporal, e as borboletas façam coro a vida com sua dança angelical,
dentro do meu coração, uma saudade constante, que vem não sei de onde,
faz meus olhos marejar. Ao meu redor, flores graciosas, com ternura,
me ensinam a sorrir, apesar dos espinhos… A minha alma porém, reclama
a falta de outras primaveras, de outros tons, de auroras belas,
no horizonte de outros céus. O conhecimento, o entendimento, o exercício
de compreender o momento, o movimento da vida a favor da evolução,
mas, cá portas adentro, da alma e do coração, lembranças se agitam,
despertam, buscam nas frestas do inconsciente, as respostas, como peças
de um quebra cabeças, ansiosas por encontrar o seu lugar.
As lembranças, impulsionadas pela força invisível do coração, esbarram
em limites, em dores, em dúvidas e indagações, buscam a lógica,
lutam pela coerência e quando cansadas e sem esperanças, as lembranças,
se encolhem, mas não se apagam… Jamais se apagam…
Até que outra vez, sejam impulsionadas pelo aroma eterno do reino distante,
a explicar-se, a situar-se no emaranhado de emoções… Aroma das flores
que plantei… Das cores, que escolhi para a minha vida, e que um dia,
tive de renunciar… Hoje, as flores já encontraram seu jardim,
semeado não apenas por mim, mas por outros corações, a pulsar no
mesmo tom… Hoje, o tempo antes disperso, se faz coeso e perfeitamente
perceptível na tela mental. Hoje, o que era esperança, se converteu em
encontro, e construção, e o que era angústia, se fez compreensão,
graças a Deus. Mas… A saudade permanece… Permanece em forma de
esperança, esperança de regresso… A saudade permanece em forma de
lembrança, assinalando não ser aqui o meu lugar… No qual me encontro
apenas de passagem e em parte, porque outra parte de mim,
ficou dentro do sonho que acabou…
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