Certa vez, na Índia, um sábio passava, com seu discípulo, à margem do rio Ganges, quando viu um escorpião que se afogava.
Ele então correu e, com a mão, retirou o animalzinho, e o trouxe à terra firme.
Naquele instante, o escorpião o picou… Dizem que é uma dor terrível…
Inchou a mão do sábio.
Assim que ele o colocou no chão, pacientemente, o escorpião voltou para a água.
E ele, com a mão já inchada, debaixo daquelas dores violentas, vai e o retira novamente.
E o discípulo a observar…
Numa terceira vez que ele traz o escorpião, já com a mão bastante inchada
e as dores violentas, ele o põe mais distante em terra.
Aí, o discípulo já não suporta mais aquilo, e diz:
– “Mestre, eu não estou entendendo…este animal…é a terceira vez
que o senhor vai retirá-lo da água e ele pica sua mão dessa maneira.
O senhor deve estar sofrendo dores horríveis…” ·
E ele, com a fisionomia plácida das almas que conhecem o segredo do bem,
daqueles que já realmente conquistaram um território de amor e de
renúncia no coração; que têm a visão das verdades celestes, vira-se para o discípulo e diz:
– “Meu filho, por enquanto a natureza dele é de picar, mas a minha é
de salvar !”
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